sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Testemunho






 A MENINA, O PAI E JESUS

Num povoado próximo a uma pequena cidade do Norte de Minas Gerais, morava uma menina. Ela é a terceira filha de quatro irmãos. Seu pai era carinhoso e amável com os filhos e tinha um carinho especial com a menina, que era considerada seu xodozinho. Ele a levava para todos os lugares e tudo o que pedia seu pai dava. Com o passar dos anos, a filha foi crescendo e ficando cada vez mais apegada com o pai.

A mãe da menina era uma esposa dedicada, cuidava dos filhos e levava-os para a Igreja sempre com a companhia do marido. Para ajudar na renda, a mãe lavava e passava roupas, enquanto o pai trabalhava muito para não faltar nada para os filhos.

Conforme o tempo foi passando, o pai da menina começou a apresentar uns sintomas de uma doença. Um dia foi trabalhar e não voltou pra casa. A esposa ficou muito preocupada então pediu alguns vizinhos e parentes que ajudassem a procurar o seu marido, eles ajudaram, porém não encontraram. Seu esposo permaneceu desaparecido durante três dias. Passado esses três dias, ele foi encontrado por um amigo da família com a roupa rasgada e todo sujo. Desde então, não era o mesmo. Passou a ter um comportamento agressivo e ações anormais, levantava de madrugada e ia varrer o quintal, passava o facão no passeio e xingava pessoas que nem estavam presentes, não falava coisa com coisa.

A menina cada dia que passava vendo aquela situação em que seu pai se encontrava, entristecia-se, pois tinha muito amor e carinho por ele. Ela sofria tanto em ver seu pai daquela forma que quando alguma criança morria, ela se questionava por que não morria no lugar, pois queria acabar com aquele sofrimento. Quando chegava o dia dos pais na escola, ela não tinha seu pai ao seu lado, pois ele já não socializava mais. A menina passou a sofrer bullying na escola, seus colegas chamavam seu pai de doido e maluco, entre outras palavras de ofensa, ela chorava e brigava muito na escola, não conseguia se concentrar nas atividades, pois seu estado emocional ficava muito abalado. A mãe teve que assumir o papel de pai na família, afinal tinha quatro filhos para sustentar e criar, então começou a trabalhar cortando lenha por metro, de sol a sol, de seis horas da manhã às cinco da tarde no lugar do marido. A filha mais velha passou a ser a responsável pelos irmãos. Como o pai já não trabalhava a renda da família diminuiu e eles acabaram se endividando, os comerciantes não queriam mais fornecer mantimentos para eles, pois já estavam devendo bastante.

A avó diante das dificuldades e da situação que presenciava resolveu ajudar fazendo compras e dividindo com a filha e os netos. Quando o segundo dos quatro filhos ficou mais velho passou a trabalhar para ajudar na renda.

O tempo foi passando e os filhos foram crescendo, o pai, cada dia mais, apresentava sintomas anormais, a família não tinha condições de arcar com o tratamento. A esposa procurava ajuda na saúde pública e com os políticos. Houve um episódio que a polícia precisou ser chamada: o pai estava muito transtornado, a menina estava presente e não queria que o levassem, toda a família estava em prantos, e com o apoio de uma amiga, a menina foi brincar como tentativa de distração. Ela ia crescendo com muita tristeza e revolta, não compreendia por que estava acontecendo isso com sua família, uma vez que, os papéis de sua casa estavam invertendo-se. A mãe passou a ser o pai, o pai passou a ser irmão, a irmã passou a ser mãe e aquilo causou uma grande confusão na mente da menina. O mais novo nem teve convivência com o pai, pois já cresceu vendo-o doente. Depois de alguns anos, a mais velha foi morar em outra cidade com uns conhecidos da família, pois onde viviam não tinha muitos recursos, a partir daí a menina foi quem passou a ajudar a mãe com as tarefas da casa. A menina, que antes participava ativamente da Igreja, foi se distanciando e só, às vezes, participava da Missa. Já na adolescência, passou a ser muito rebelde, tinha sentimentos confusos, de rejeição, se sentia inferior a todos e carregava sentimentos de morte, procurava preencher o vazio que tinha indo a festas e namorando.

A mãe decidiu então se separar do seu pai para viver a sua vida, a filha não compreendeu e queria morar com o pai. Ela ia para a Igreja e rezava pedindo a Deus que a guiasse, pois Ele conhecia seu sofrimento. Depois de muita luta, a mãe conseguiu que o pai se aposentasse, ele havia sido diagnosticado com Esquizofrenia. A menina tinha um padrinho muito bom que a instruía, mas ainda não supria aquele sentimento de perda. Ela então mudou-se para a mesma cidade que a irmã morava em busca de novos recursos para sua vida. Apesar de demorar um pouco para adaptar-se à nova vida, se acostumou aos poucos e com 17 anos, ao fim do ensino médio, passou no vestibular. Tinha muitos planos, mas devido a tantas decepções por tudo que acontecera, namoros frustrados e a doença do pai, acabou entrando em depressão. Ainda assim, começou o curso, mas não conseguia se concentrar por causa da depressão. Foi então que começou a participar de um grupo de oração e então Deus a libertou da depressão. O tempo foi passando e a menina mudou-se para outra cidade, retornou à faculdade, mas ainda não conseguia focar, devido a outros traumas emocionais, então saiu novamente. Ela era muito confusa e tinha muitos traumas ainda, sentia que todos eram melhores que ela e não se sentia amada. Assim, decide novamente mudar de cidade, termina o namoro e temia as crises de depressão novamente, as quais não eram tão fortes como antes, pois nas primeiras ficava de cama sem comer ou fazer nada, agora ela ficava muito triste e abatida, mas mesmo assim conseguia realizar as atividades. Morava com a irmã e ela a motivava foi assim que ela começou outra faculdade, morou ali durante dois anos e mudou-se novamente porque se sentia triste naquele lugar. Retornou para uma das cidades onde já havia morado. O tempo passou e uma amiga a convidou para participar de um Retiro.

Enfim, chega o dia do Retiro, lá a menina teve um encontro pessoal com Jesus, Ele tocou seu coração profundamente, e ao voltar para casa ela já não era a mesma. Ela passou a servir no grupo e participar de tudo o que envolve Jesus. Começou a ir à Adoração todas às quartas-feiras e no grupo de oração todos os sábados. Ela tinha um coração cheio de feridas e traumas, tinha comportamentos agressivos, ninguém podia falar nada que ela já tinha respostas prontas, para ela era uma forma de defesa, pois teve que aprender muitas coisas sem o auxílio dos pais. Quando ela entrou no grupo, pedia a Jesus que curasse seu pai, mas ,aos poucos, a cada encontro com Jesus, seja nas adorações ou reuniões de sábado Ele ia curando a menina, seus sentimentos de perda do pai, seus traumas, suas decepções e seus problemas emocionais. Ela percebeu então que quem precisava de cura era ela e não seu pai. Ela era como os leprosos que foram curados ao longo da caminhada. Jesus deu um coração novo pra ela. Um coração limpo e curado.

Meu nome é Rafaela, sou serva da família Expressão de Louvor, essa história é minha.

Agradeço a Jesus por me curar!


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