A
MENINA, O PAI E JESUS
Num
povoado próximo a uma pequena cidade do Norte de Minas Gerais, morava uma
menina. Ela é a terceira filha de quatro irmãos. Seu pai era carinhoso e amável
com os filhos e tinha um carinho especial com a menina, que era considerada seu
xodozinho. Ele a levava para todos os lugares e tudo o que pedia seu pai dava.
Com o passar dos anos, a filha foi crescendo e ficando cada vez mais apegada
com o pai.
A
mãe da menina era uma esposa dedicada, cuidava dos filhos e levava-os para a
Igreja sempre com a companhia do marido. Para ajudar na renda, a mãe lavava e
passava roupas, enquanto o pai trabalhava muito para não faltar nada para os
filhos.
Conforme
o tempo foi passando, o pai da menina começou a apresentar uns sintomas de uma
doença. Um dia foi trabalhar e não voltou pra casa. A esposa ficou muito
preocupada então pediu alguns vizinhos e parentes que ajudassem a procurar o
seu marido, eles ajudaram, porém não encontraram. Seu esposo permaneceu
desaparecido durante três dias. Passado esses três dias, ele foi encontrado por
um amigo da família com a roupa rasgada e todo sujo. Desde então, não era o
mesmo. Passou a ter um comportamento agressivo e ações anormais, levantava de
madrugada e ia varrer o quintal, passava o facão no passeio e xingava pessoas
que nem estavam presentes, não falava coisa com coisa.
A
menina cada dia que passava vendo aquela situação em que seu pai se encontrava,
entristecia-se, pois tinha muito amor e carinho por ele. Ela sofria tanto em
ver seu pai daquela forma que quando alguma criança morria, ela se questionava
por que não morria no lugar, pois queria acabar com aquele sofrimento. Quando
chegava o dia dos pais na escola, ela não tinha seu pai ao seu lado, pois ele
já não socializava mais. A menina passou a sofrer bullying na escola, seus
colegas chamavam seu pai de doido e maluco, entre outras palavras de ofensa,
ela chorava e brigava muito na escola, não conseguia se concentrar nas
atividades, pois seu estado emocional ficava muito abalado. A mãe teve que assumir
o papel de pai na família, afinal tinha quatro filhos para sustentar e criar,
então começou a trabalhar cortando lenha por metro, de sol a sol, de seis horas
da manhã às cinco da tarde no lugar do marido. A filha mais velha passou a ser
a responsável pelos irmãos. Como o pai já não trabalhava a renda da família
diminuiu e eles acabaram se endividando, os comerciantes não queriam mais
fornecer mantimentos para eles, pois já estavam devendo bastante.
A
avó diante das dificuldades e da situação que presenciava resolveu ajudar
fazendo compras e dividindo com a filha e os netos. Quando o segundo dos quatro
filhos ficou mais velho passou a trabalhar para ajudar na renda.
O
tempo foi passando e os filhos foram crescendo, o pai, cada dia mais,
apresentava sintomas anormais, a família não tinha condições de arcar com o
tratamento. A esposa procurava ajuda na saúde pública e com os políticos. Houve
um episódio que a polícia precisou ser chamada: o pai estava muito
transtornado, a menina estava presente e não queria que o levassem, toda a família
estava em prantos, e com o apoio de uma amiga, a menina foi brincar como
tentativa de distração. Ela ia crescendo com muita tristeza e revolta, não
compreendia por que estava acontecendo isso com sua família, uma vez que, os
papéis de sua casa estavam invertendo-se. A mãe passou a ser o pai, o pai
passou a ser irmão, a irmã passou a ser mãe e aquilo causou uma grande confusão
na mente da menina. O mais novo nem teve convivência com o pai, pois já cresceu
vendo-o doente. Depois de alguns anos, a mais velha foi morar em outra cidade
com uns conhecidos da família, pois onde viviam não tinha muitos recursos, a
partir daí a menina foi quem passou a ajudar a mãe com as tarefas da casa. A
menina, que antes participava ativamente da Igreja, foi se distanciando e só, às
vezes, participava da Missa. Já na adolescência, passou a ser muito rebelde,
tinha sentimentos confusos, de rejeição, se sentia inferior a todos e carregava
sentimentos de morte, procurava preencher o vazio que tinha indo a festas e
namorando.
A mãe
decidiu então se separar do seu pai para viver a sua vida, a filha não
compreendeu e queria morar com o pai. Ela ia para a Igreja e rezava pedindo a
Deus que a guiasse, pois Ele conhecia seu sofrimento. Depois de muita luta, a
mãe conseguiu que o pai se aposentasse, ele havia sido diagnosticado com
Esquizofrenia. A menina tinha um padrinho muito bom que a instruía, mas ainda
não supria aquele sentimento de perda. Ela então mudou-se para a mesma cidade
que a irmã morava em busca de novos recursos para sua vida. Apesar de demorar
um pouco para adaptar-se à nova vida, se acostumou aos poucos e com 17 anos, ao
fim do ensino médio, passou no vestibular. Tinha muitos planos, mas devido a
tantas decepções por tudo que acontecera, namoros frustrados e a doença do pai,
acabou entrando em depressão. Ainda assim, começou o curso, mas não conseguia
se concentrar por causa da depressão. Foi então que começou a participar de um
grupo de oração e então Deus a libertou da depressão. O tempo foi passando e a
menina mudou-se para outra cidade, retornou à faculdade, mas ainda não
conseguia focar, devido a outros traumas emocionais, então saiu novamente. Ela
era muito confusa e tinha muitos traumas ainda, sentia que todos eram melhores
que ela e não se sentia amada. Assim, decide novamente mudar de cidade, termina
o namoro e temia as crises de depressão novamente, as quais não eram tão fortes
como antes, pois nas primeiras ficava de cama sem comer ou fazer nada, agora
ela ficava muito triste e abatida, mas mesmo assim conseguia realizar as
atividades. Morava com a irmã e ela a motivava foi assim que ela começou outra
faculdade, morou ali durante dois anos e mudou-se novamente porque se sentia
triste naquele lugar. Retornou para uma das cidades onde já havia morado. O
tempo passou e uma amiga a convidou para participar de um Retiro.
Enfim,
chega o dia do Retiro, lá a menina teve um encontro pessoal com Jesus, Ele
tocou seu coração profundamente, e ao voltar para casa ela já não era a mesma.
Ela passou a servir no grupo e participar de tudo o que envolve Jesus. Começou
a ir à Adoração todas às quartas-feiras e no grupo de oração todos os sábados.
Ela tinha um coração cheio de feridas e traumas, tinha comportamentos
agressivos, ninguém podia falar nada que ela já tinha respostas prontas, para
ela era uma forma de defesa, pois teve que aprender muitas coisas sem o auxílio
dos pais. Quando ela entrou no grupo, pedia a Jesus que curasse seu pai, mas ,aos
poucos, a cada encontro com Jesus, seja nas adorações ou reuniões de sábado Ele
ia curando a menina, seus sentimentos de perda do pai, seus traumas, suas decepções
e seus problemas emocionais. Ela percebeu então que quem precisava de cura era
ela e não seu pai. Ela era como os leprosos que foram curados ao longo da
caminhada. Jesus deu um coração novo pra ela. Um coração limpo e curado.
Meu
nome é Rafaela, sou serva da família Expressão de Louvor, essa história é
minha.
Agradeço a Jesus por me curar!
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